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segunda-feira, 15 de abril de 2013

Escrevendo nas mãos de um palhaço... - (O leite, o russo e o “engano”)



(O leite, o russo e o “engano”) 



Era cedo e frio, os tempos eram mais frios por aquelas regiões no início da década de oitenta... 




A franzina menina de oito anos pulara da cama! O leite!

Era época de férias, no entanto abriram a escola e estavam distribuindo de sacos de leite, um para cada criança da família.

Pegara as sacolas que a mãe dobrada e recomendara e pegou sua curta jornada... A pequena escola ficava logo ao virar da primeira esquina.

Isso era motivo para imaginar uma longa jornada medieval, ia correndo e pulando de um lado para o outro como se a rua estivesse repleta de grandes obstáculos que ela ia vencendo bravamente! O leite precisava ser pego!

Ao chegar às portas da escola usava a imaginação até doer para poder tira-la daquela fila sufocante!

Mas ainda havia um último obstáculo! O homem que entrega o leite!

Era seu vizinho, todos os chamavam de “Russo”, nunca procurara saber, mas desconfiava que o fato dele talvez ter os cabelos claros contribuísse para o apelido amigável.

Soubera que a mãe havia tido uma briga com esse senhor...

Toda vez que ia buscar o leite baixava a cabeça, tinha medo que ele olhasse bem em sua cara e não lhe desse o leite pela briga, lembrava vagamente de sua mãe falar mal dele, afinal de contas, houvera uma briga... Ela, particularmente odiava brigas! Poucos sabiam disso...

Neste dia em que a chuva não deixou muita margem a “brincadeiras” durante o trajeto e a fila parecia demorar mais que o normal, apenas para que seus pés e chinelos enlameados a fizessem sentir mais frio...

Voltou à mente para algo que pudesse espremer de bom, frio, fora de sua cama, há vários passos da missão dada: O leite.

O que poderia haver de bom naquilo, Senhor? Pensou sua mente infantil e prematura. Logo se deu conta que a situação era difícil, ao ponto daquele leite ser o único do dia!

Pelo menos não havia dinheiro para a bebida, sequer para drogas, e com isso, poderia ler seus gibis e ver seus programas de TV com a certeza que mãe e padrasto não estariam brigando e sim juntos, buscando uma solução... Quando aprenderiam?

Ao chegar sua vez, ter uma mente na Lua dava naquilo, o tempo voara! Esteva de frente para o vizinho que distribuía o leite, aquele que chamavam de Russo. Este colocara dois litros de leite em sua sacola!!!

Pela primeira vez encarou o senhor a sua frente e disse:

O senhor cometeu um engano! – Afinal de contas o leite era para crianças até cinco anos, ela já tinha oito, o leite era para sua irmã de três anos!

Ele sacudira a cabeça alegando que não, não havia “Engano”.

Desse dia em diante, passou a ganhar sempre dois litros...

Ao narrar o fato, sua mãe gratamente parou de falar mal do vizinho.

A menina franzina nunca soube muito sobre seu vizinho Russo.

Mas ficava contente em saber que ele se importava com o fato dela ter seu litro de leite.

 J.Mendes


2 comentários:

  1. Q coisa... nao sabia q tinhas medo de palhaco! E meu marido e' um profissional! rsrsrs
    Te admiro muito querida. Seu talento nao tem tamanho!
    Bjs grandes!
    (Joao 14)

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  2. Rs... Brigada minha querida amiga! Como está a família! Tenho Fé em Deus que vamos nos encontrar!
    Quanto aos palhaços, Não! do Sr.Jeca Brazil eu gosto!
    Tenho medo daqueles antigões com aquelas roupas antigonas...ui...rs
    Vira e mexe assisto The drunk ( é isso?) A gente se acaba de rir com vcs. Muito hilários e talentosos. Foram feitos um para o outro.rs ...bjssss

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