Translate

segunda-feira, 21 de abril de 2014

POÇO ARTESIANO

Os tempos se findaram.
Para mim e para todos os quais esperei algo.
Acredite, esperei.
Me pus na posição de defesa, ataque e compreensão.
Mas apenas me deparei com os
estilhaços das duas primeiras.
Cansaço.
Palavra que define até mesmo o resultante de minha rara paz interior.
Força.
Palavra que derivou de tudo o que vi.
Desesperança.
Foi o que senti por muito tempo.
Mal entendidos.
Algo que sempre me fez companhia cada vez que tentei mesmo
que gaguejante e errante falar de mim para quem eu achei querer ouvir.
Decepção.
Foi o nome que encontrei quando notei que gaguejei demais 
e as pessoas não tinham paciência ou tempo para ouvir.
Preconceito.
Talvez seja o mesmo mal que me afaste de quem me afastou.
Adjetivos.
Foram tantos e negativos vindo de bocas que antes julguei floridas que 
nada pude oferecer a estes senão esterco para adubassem suas ideias encruadas.
E quanto ao resumo.
Sigo, sem olhar para trás, descrente de muitos.
Crente na vida.
Consciência.
É o que tenho em relação à depender.
Dependência.
Nenhuma alheia, todos que um dia me procuraram ao chão,
hoje estão altos demais para olharem para baixo.
Poço artesiano.
Quem iria buscar água lá?
Quem imaginaria que alguém pudesse estar lá...?
Aqui é úmido e frio, a luz não está mais tão longe quanto antes, mas ainda sim... Longe.
Mas a umidade da água enlameada não molha senão apenas meus calcanhares...
As pedras não são tão firmes e as feridas na mão dificultam.
Não há uma corda.
A escalada é necessária e sei que não há mãos alheias.
Isso dói.
Mas passará.
E quando passar, estarei voando tão alto que sequer me lembrarei que há páginas
à virar.
Que fiquem abertas estas, para não serem mais lidas por mim que as vivi. 
Mas para qualquer um que queira obter asas.
J.Mendes


Nenhum comentário:

Postar um comentário